O filme "O Hobbit: A Desolação de Smaug" estreia no Brasil em 13 de dezembro de 2013 nos cinemas,
então meu colaborador Fernando Schiavi resolveu dar uma relembrada no primeiro filme baseado na obra de J R R
Tolkien, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, primeiro filme da franquia. A Socidade do Anel é um filme de 2001 dirigido por Peter Jackson.
Por Fernando Schiavi Leite
John Ronald Reuel Tolkien, ou simplesmente J. R.R.Tolkien, sempre foi fascinado pela linguística, cursando licenciatura na faculdade de Letras de Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os rascunhos de seu complexo mundo secundário denominado "Arda" - que é a Terra povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia - e que é o palco de suas obras mais conhecidas como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis" e "O Silmarillion" que lhe renderam reconhecimento mundial. Em virtude do sucesso de suas obras, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica", mesmo sendo precedido por outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison. Foi também contemporâneo e grande amigo de C.S. Lewis, autor dos livros da série mundialmente conhecida “As Crônicas de Nárnia”. De fato, O Senhor dos Anéis provavelmente não existiria sem os conselhos e o incentivo de Lewis. Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.
Por Fernando Schiavi Leite
John Ronald Reuel Tolkien, ou simplesmente J. R.R.Tolkien, sempre foi fascinado pela linguística, cursando licenciatura na faculdade de Letras de Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os rascunhos de seu complexo mundo secundário denominado "Arda" - que é a Terra povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia - e que é o palco de suas obras mais conhecidas como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis" e "O Silmarillion" que lhe renderam reconhecimento mundial. Em virtude do sucesso de suas obras, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica", mesmo sendo precedido por outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison. Foi também contemporâneo e grande amigo de C.S. Lewis, autor dos livros da série mundialmente conhecida “As Crônicas de Nárnia”. De fato, O Senhor dos Anéis provavelmente não existiria sem os conselhos e o incentivo de Lewis. Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.
A história de O Senhor dos Anéis é uma sequência de um trabalho anterior de Tolkien, chamado "O Hobbit", e logo se desenvolve em um projeto de escala muito mais complexo e detalhista. O mundo fictício e detalhado de O Senhor dos Anéis começa como uma exploração pessoal de Tolkien de seus interesses na filologia, religião (particularmente a Católica), contos de fadas, assim como a Mitologia nórdica. No entanto, ele também foi influenciado de forma crucial pelos fatos que ocorreram em seu serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial. O Senhor dos Anéis foi escrito entre 1937 e 1949, com muitas partes criadas durante a Segunda Guerra Mundial. Embora Tolkien tenha planejado realizá-lo em volume único, foi originalmente publicado em três volumes ("A Sociedade do Anel", "As Duas Torres" e "O Retorno do Rei") entre 1954 e 1955 para baixar os custos de impressão, e foi assim, em três volumes, que se tornou popular. Somando, os 3 livros publicados já venderam mais de 160 milhões de cópias, tornando-se um dos trabalhos mais populares da literatura do século XX. Depois da publicação de O Senhor dos Anéis, devido à sua influência, ocorreu a especulação que o Um Anel fosse um metáfora da bomba nuclear. Tolkien, entretanto, insistiu repetidas vezes que seus trabalhos não apresentavam aquele tipo de alegoria. O autor já tinha terminado grande parte do livro, incluindo o final, antes que as primeiras bombas nucleares tivessem sido conhecidas pelo mundo, com sua explosão em Hiroshima e em Nagasaki em agosto de 1945. Alguns locais e suas características foram inspiradas em locais da infância de Tolkien como Sarehole (então uma vila de Worcestershire, agora parte de Birmingham) e Birmingham.Tolkien sugeriu que o Condado e suas redondezas eram baseados nos campos em torno da faculdade de Stonyhurst em Lancashire, que Tolkien frequentou durante a década de 1940.
Muitas obras e filmes de fantasia foram influenciadas pela obra de Tolkien e algumas adaptações foram realizadas. Em 1978, o animador britânico Ralph Bakshi adaptou "O Senhor dos Anéis" para o cinema em um longa-metragem de animação de duas horas. Outras duas obras viraram longas animados para a TV inglesa, tendo sido criadas para especiais de TV e sendo dirigidas por Jules Bass. Essas obras foram "O Hobbit", em 1977, e "O Retorno do Rei "em 1980. Porém, foi em 2001 que a obra de Tolkien ganhou aclamadas e cultuadas adaptações para o cinema em Hollywood, conquistando o público ao redor do mundo.
Adaptado pelas mãos do diretor Peter Jackson, que antes havia dirigido produções como Trash- Náusea Total (1987), e os excelentes Fome Animal (1992), Almas Gêmeas (1994) com Kate Winslet no começo de carreira, e Os Espíritos (1996) com Michael J. Fox. ALém de dirigir, Jackson também escreveu o roteiro com sua parceira habitual e esposa Fran Walsh, e com sua amiga PhilippaBoyens, que também seria sua colaboradora corriqueira a partir desse trabalho. Lançado nos Estados Unidos em 10 de dezembro de 2001, o filme foi aclamado por críticos e fãs, especialmente porque muitos destes julgaram o filme como a mais fiel adaptação da história original da trilogia O Senhor dos Anéis, de Jackson. Foi um grande sucesso de bilheteria, faturando mais de $870 milhões no mundo inteiro, e foi o segundo filme de maior bilheteria de 2001 nos EUA e no mundo (atrás apenas de Harry Potter e a Pedra Filosofal). Aliás, juntamente com O Senhor dos Anéis, a série Harry Potter pode ser considerado também outro fenômeno da fantasia, sucesso no mundo todo.
Tudo começou com a forja dos Grandes Anéis. Três foram dados aos Elfos, imortais...os mais sábios e belos de todos os seres. Sete, aos Anões...grandes mineradores e artífices dos corredores das montanhas. E nove, nove Anéis foram presenteados à raça dos Homens... que, acima de tudo, deseja o poder. Pois dentro desses Anéis foi selada a força... e a vontade para governar cada raça. Mas todos foram enganados, pois outro Anel foi feito. Na terra de Mordor, nas chamas da Montanha da Perdição, Sauron, o Senhor do Escuro, forjou em segredo um Anel-Mestre, para controlar todos os outros. E, neste Anel, ele derramou sua crueldade, sua malícia e sua vontade de dominar todas as formas de vida. Um Anel para a todos governar. Uma por uma as Terras Livres da Terra-Média submeteram-se ao poder do Anel. Mas houve alguns que resistiram. A Última Aliança de Elfos e Homens marchou contra os exércitos de Mordor. E, na Montanha da Perdição, lutou pela liberdade da Terra-Média. A vitória estava próxima. Mas o poder do Anel não podia ser destruído. Foi neste momento, quando toda esperança havia se acabado que Isildur, o filho do rei, ergueu a espada de seu pai. Sauron, o Inimigo dos Povos Livres da Terra Média foi derrotado. O Anel passou a Isildur, que teve essa chance única de destruir o mal para sempre. Mas o coração do homem é facilmente corrompido. E o Anel do Poder tem vontade própria. O Anel traiu Isildur levando-o à morte. E algumas coisas que não deveriam ser esquecidas se perderam. A história tornou-se lenda. A lenda tornou-se mito. E, por dois mil e quinhentos anos, o Anel deixou de ser conhecido. Até que, quando a oportunidade surgiu, ele seduziu um novo portador. O Anel veio à criatura Gollum, que o levou às profundezas dos túneis das Montanhas da Névoa. E lá ele o consumiu. O Anel trouxe a Gollum longevidade sobrenatural. Por quinhentos anos, envenenou sua mente. E, nas trevas da caverna de Gollum, ele esperou. Mas então aconteceu algo que o Anel não planejara. Ele foi pego pela criatura mais improvável que se possa imaginar. Um hobbit. Bilbo Bolseiro, do Condado. Pois logo chegará a hora em que os hobbits moldarão o destino de todos.
Cartaz do game: Lord of the Rings Conquest
Nessa terra fantástica e única, chamada Terra-Média, 60 anos depois de o Um Anel ter sido achado, um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés peludos e bochechas um pouco avermelhadas) recebe de presente de seu tio Bilbo ((Ian Holm) esse anel mágico e maligno que precisa ser destruído antes que caia nas mãos do mal. Para isso o hobbit Frodo Bolseiro (Elijah Wood) terá um caminho árduo pelafrente, onde encontrará perigo, medo e personagens bizarros, rumo à Montanha da Perdição, na Terra de Mordor, o único local onde o anel pode ser destruído. Ao seu lado para o cumprimento desta jornada aos poucos ele poderá contar com os hobbits Sam (Sean Astin), Pippin (Billy Boyd) e Merry (DominicMonaghan), o príncipe dos elfos e talentoso arqueiro Légolas (Orlando Bloom), o anão Gimli (John Rhys-Davies), os humanos Aragorn (Viggo Mortensen, também conhecido como Passolargo) que é herdeiro do trono de Gondor, mas apesar disso reluta em assumir o trono por seu ancestral, Isildur, ter falhado em destruir o Um Anel, e o Capitão-General de Gondor, Boromir (Sean Bean) que declara que Gondor não precisa de nenhum rei, mas acaba se tornando amigo de Aragorn durante a jornada, além do mago Gandalf, o Cinzento (Ian McKellen), que se torna mentor de Frodo e o líder do grupo, totalizando 9 pessoas que formarão a Sociedade do Anel. O caminho é dos mais atribulados, pois a Sociedade precisa enfrentar os perigos naturais do continente, nazgüls e orcs enviados por Sauron e pelo mago traidor Saruman (Christopher Lee).
A legião de fãs aficionados pela Terra-Média e toda a mística e fanatismo em torno dos livros escritos, poderia facilmente intimidar qualquer diretor de renome de assumir o desafio. Porém, após termos presenciado o resultado final da adaptação, a impressão que fica é que ninguém mais poderia assumir o comando a não ser Peter Jackson. O desafio já começa antes mesmo das filmagens. Jackson conseguiu convencer os executivos da New Line Cinema a rodar os três filmes, baseados nos três livros de Tolkien de forma simultânea. Essa era uma decisão inédita na história do cinema. Foi então que o audacioso plano do diretor foi colocado em prática ao obter um orçamento de cerca de US$ 300 milhões para as filmagens. Com a proposta de ser fiel à obra de Tolkien, Jackson então reuniu um elenco repleto de estrelas que ficaram cerca de 18 meses na Nova Zelândia, terra natal do diretor, para as filmagens. Essa parte foi uma das mais difíceis da produção, já que pouca gente queria e estava disponível para ficar todo esse tempo na Nova Zelândia, onde Jackson sabia que estavam as paisagens naturais perfeitas para recriar a Terra-Média. Aos poucos os nomes foram sendo adicionados ao projeto. Ian McKellen ficou tão interessado que pediu para que a Fox o liberasse das filmagens de X-Men- O Filme (2000) para que pudesse interpretar Gandalf. Elijah Wood conseguiu o papel após derrotar outros 150 atores durante os testes. Cate Blanchett (Galadriel), Sean Bean (Boromir), Liv Tyler (Arwen), Viggo Mortensen (Aragorn) e Christopher Lee (Saruman) e os novatos Orlando Bloom (Legolas), DominicMonaghan (Merry) e Billy Boyd (Pippin) completariam o restante do elenco principal. Enquanto o elenco ia se formando, a audaciosa operação ia sendo montada pelos produtores, envolvendo a construção de 350 cenários e o uso de 20 mil figurantes em algumas cenas.
O roteiro se inicia mostrando através da narração de Galadrieleao fundo, o Senhor das Trevas Sauron forjando o "Um Anel", na Montanha da Perdição, com o objetivo de conquistar as Terras da Terra-Média. A Última Aliança entre Elfos e Homens é então formada para conter as forças de Sauron, aos pés da Montanha da Perdição, mas Sauron mata Elendil, Rei dos Homens da Terra Média, derrotando-o. Depois é mostrada como o príncipe Isildur sucumbiu ao poder do Anel. Por Sauron ter sua "força vital" conectada ao anel, não poderia ser completamente vencido a menos que o anel fosse destruído nas fornalhas da Montanha da Perdição, onde foi forjado. Mostra-se Gollum achando o anel milhares de anos depois, e levando-o às profundezas da Terra, corrompendo assim com o passar do tempo a alma da criatura que o capturou e dando-lhe uma longevidade além do natural. O anel abandona Gollum, em sua busca para unir-se a Sauron, e é encontrado por Bilbo Bolseiro, que o guarda por 60 anos, até que em seu 111º aniversário, Bilbo deixa o Anel para seu sobrinho e herdeiro, Frodo Bolseiro. O mago Gandalf, presente ao aniversário, logo descobre ser este anel o "Um Anel" perdido por Isildur, agora considerado apenas uma lenda e desejado por Sauron. Para não correr riscos, Gandalf pede que Frodo abandone o Condado com o Anel e o manda para a cidade de Bri com seu melhor amigo Sam, com planos de encontrar o mago no local depois que ele fosse a Isengard pedir conselhos ao mestre de sua ordem, Saruman. É aí que a longa jornada de Frodo começa ao lado de seus amigos hobbits que o acompanham no início da jornada, e com os demais integrantes da Sociedade do Anel que se juntam a ele posteriormente.
Jackson conseguiu manter as mesmas características do livro de Tolkien, transformando os três livros em três épicos clássicos do cinema moderno. Não apenas nesse, mas nos filmes seguintes, é impressionante o poder de síntese contido nas adaptações. Para escrever as primeiras páginas nota-se um trabalho de pesquisa enorme ao juntar informações de breves relatos nos apêndices dos livros da trilogia e em Contos Inacabados (escrito também por Tolkien). Essa introdução é simples, direta e satisfatória com uma narração ao fundo de Galadriel que é ilustrada com cenas espetaculares que mostram a grandiosidade da obra que estaríamos prestes a ver. Mostra-se desde a Forja dos Anéis, passando pela batalha que ocasionou a primeira derrota de Sauron e pelo encontro de Bilbo com o Um Anel. A partir deste momento, vemos retratadas todas as passagens do livro que sempre imaginamos em nossas mentes se concretizando aos poucos, tais como: a festa muito esperada no Condado onde viviam os hobbits, onde comemorariam o 111º aniversário de Bilbo e a passagem do anel para Frodo; a explicação da importância da destruição do Um Anel para Frodo; a partida de Frodo do Condado que saiu acompanhado de seus amigos Pippin, Merry eSam e sua fuga dos Cavaleiros Negros (Nazgül) pela Floresta Velha e pela Balsa do rio Brandevin; a chegada no Pônei Saltitante, uma hospedaria grande em Bri, e como conhecem Passolargo; a chegada do grupo à Valfenda, onde vivem os Elfos; o Conselho de Elrond que conclui que o Anel não pode ser usado por ninguém exceto Sauron e que, já que o Anel não poderia ser mantido fora do alcance de Sauron para sempre, deveria ser destruído na Montanha da Perdição; a criação da Socieade do Anel formada por Frodo, Sam, Gandalf, Passolargo, Legolas, Gimli, Boromir, Merry e Pippin; a viagem pelas Montanhas Sombrias pela Passagem de Caradhras, e suas dificuldades com a enorme tempestade e quantidade de neve do local que os obrigam a retorceder; a passagem pelas minas de Moria, ou Khazad-dûm, antigamente um reino esplêndido dos anões, mas agora um lugar desolado e terrível; o ataque na câmara da tumba por um número grande de orcs e trolls; a luta entre Gandalf e um Balrog, uma criatura humanoide que brande uma espada e um chicote ígneo, em uma ponte que chegaria na saída das minas e que terminaria com a queda dos dois da ponte; a chegada do grupo à Lothlórien; o Espelho de Galadriel; a passagem além dos Argonath, pelos Pilares dos Reis; e finalmente o rompimento da Sociedade do Anel.
O roteiro de Jackson, Walsh e Boyens é audacioso, corajoso e respeitoso com a obra original, mas é claro que para uma adaptação são necessárias algumas mudanças da obra original, por isso a supressão ou a aglutinação de algumas passagens é natural no processo, ainda mais em uma obra tão complexa e detalhada. Jackson disse em entrevistas que queria deixar a história focada em Frodo e no Anel. Quase o tempo todo a fidelidade ao livro é mantida, limitando-se a realizar alterações que no geral beneficiariam o filme: Tom Bombadil e o episódio das Criaturas Tumulares certamente funcionam no livro, mas seriam prejudiciais ao filme, já que adiariam ainda mais o momento-chave do primeiro capítulo: a formação da Sociedade do Anel.
A grande maioria das modificações não tem tanta importância, mas sempre acabam desagradando uma parte dos leitores mais apaixonados que não se conformam em não ter uma ou outra cena de sua preferência sendo retratada. As principais e mais significativas diferenças entre livro e filme são as seguintes: Há um salto na cronologia após a festa de Bilbo. Muito tempo se passa entre a partida de Gandalf atrás de respostas e sua volta, já sabendo que aquele é o Um Anel. Após ficar sabendo da verdade sobre o Anel, Frodo ainda demora praticamente um ano para partir do Condado, ao contrário do que mostra o filme; Ao contrário do que mostra o filme, em que Merry e Pippin esbarram com Frodo por acidente, no livro os dois acompanham Frodo quando este deixa o Condado, pois já estavam sabendo de tudo relativo ao Anel. Sam também já vinha espionando Frodo a pedido de Merry e Pippin, preocupados com as atitudes do amigo; Tom Bombadil é um misterioso morador da Floresta Velha, que fica no meio do caminho entre o Condado e Bri. No livro, Tom ajuda os hobbits a passarem pela Floresta, que é repleta de árvores que não gostam de visitantes. Após passarem pela Floresta, os hobbits ainda encontram problemas com Criaturas Tumulares nas colinas próximas, cheias de túmulos de antigos reis. Novamente, é Tom quem os salva; No livro, não é Aragorn quem dá espadas para os hobbits. Os quatro as conseguem quando passam pelas Colinas dos Túmulos, onde encontram tesouros antigos; Glorfindel, senhor élfico que mora em Valfenda, é, no livro, quem salva Frodo e seus amigos dos Nove após eles saírem de Bri; Quem "conjura" o Rio Bruinen, em Valfenda é Elrond, com a ajuda de Gandalf (que dá às águas o formato de cavalos). Elrond é o Portador do Anel da Água, um dos Três Anéis Élficos; O Conselho de Elrond tem uma duração muito maior no livro. Bilbo participa e inclusive se oferece para levar o Anel até Mordor, mas não pode ir por causa de sua idade. No livro, é no momento do Conselho que toda a história do Anel é revelada; Quando a Sociedade parte de Valfenda, Aragorn já está levando a espada Narsil reforjada, agora com o nome de Andúril; Não é Saruman quem derruba a montanha Caradhras em cima da Comitiva: a montanha tem vida, e reage ao poder de Sauron se erguendo em Barad-dûr; Gollum não é descoberto em Moria. No livro, a Sociedade só percebe que a criatura os está seguindo quando saem de Lothlórien; Em Lothlórien, passar pela segurança é muito mais difícil na versão do livro. A Comitiva tem que ser vendada para chegar até a Cidade nas Árvores, o que acarreta até uma briga entre Gimli e os elfos; Ainda em Lothlórien, há uma modificação na parte em que Frodo olha no espelho de Galadriel. No livro, Sam também está presente neste momento; Antes da despedida de Lothlórien, Galadriel dá um presente a cada membro da Companhia, entre eles um frasco cristalino com a luz de Eärendil para Frodo, uma caixa de terra de Lórien para Sam, e um broche prateado com uma pedra preciosa verde para Aragorn. No filme, apenas o presente de Frodo é mostrado; No livro, Aragorn não vê Frodo partir em direção a Mordor; A morte de Boromir não é contada em A Sociedade do Anel, e sim no primeiro capítulo de As Duas Torres.
Muito do sucesso da parte técnica deve-se aos 4 setores premiados com um Oscar: os efeitos visuais, a fotografia, a maquiagem e a trilha sonora. Os efeitos visuais deslumbrantes são creditados à Weta Digital, a melhor empresa de efeitos da Nova Zelândia. A empresa foi capaz de criar mais de 350 cenários, alguns extremamente complicados, como a aldeia dos hobbits, as minas de Moria, a floresta élfica de Lothlórien e a cidade de Gondor. Eram dezenas de técnicos elaborando o visual das mais variadas criaturas, criando outras por computação gráfica, além de inúmeras maquetes. Os efeitos permanecem atuais até os dias de hoje e mostram que não envelheceram com o tempo, especialmente se pensarmos que a tecnologia evolui demais a cada ano em relação aos efeitos. É impressionante ver a representação do Balrog, Orcs, Trolls, Nazgül, dos Elfos e dos cenários.
Importante destacar no processo o trabalho conjunto dos efeitos com a fotografia de Andrew Lesnie, que é capaz de mesclar os variados tipos de cenários mantendo a unidade visual da obra. Vemos a perfeita representação do Condado, com suas grama verde e cores vibrantes que representam a alegria e paz com que vive aquela raça, Temos também fora do Condado, cenários gigantescos que destacam a beleza natural da Nova Zelândia, cenas com neve, cenas no mar, o clima mais sombrio e misterioso do Pônei Saltitante e das minas de Moria, e o ambiente calmo, reconfortante, bucólico e onírico de Valfenda. Isso sem contar as planícies, grutas, florestas etc. A riqueza de detalhes enchem os olhos de qualquer um. A cena de abertura com Galadriel narrando a origem dos anéis e a guerra de homens e elfos contra os exércitos de Sauron no passado, já impressionam pela sua grandiosidade e conquista logo de cara quem acabou de sentar na poltrona preparado para assistir algo especial.
A maquiagem tem papel fundamental nessa criação. A complexidade do trabalho vem de criar tipos de maquiagens específicas para tantos seres distintos, enfim, fazer os seres da imaginação de todos ganharem vida. Desde os pés e mãos peludas dos hobbits, às orelhas pontudas dos elfos, às próteses faciais usadas em Gimli, além da sujeira, suor, feridas e todos os pequenos detalhes individuais.
A trilha sonora de Howard Shore, é outro espetáculo e não poderia ser mais perfeita. Shore é, há muito tempo, um dos principais compositores de Hollywood. Autor de composições para A Mosca (1986), O Silêncio dos Inocentes (1991) e de The Wonders - O Sonho Não Acabou (1996), o compositor cria uma daquelas trilhas que serão lembradas por muitos anos. Captando com perfeição o universo épico e de aventuras de Tolkien, a trilha engloba e dá um toque especial para cada fase da aventura. Sabe usar a flauta e cordas suaves ao passar o ambiente calmo e isolado do Condado, assim como o suspense e ação nas minas de Moira, e emoção profunda no drama da dissolução da Sociedade do Anel e na morte de um personagem importante. A trilha é vibrante e impulsiona a aventura conforme ela vai se tornando mais perigosa. Ainda ajudando Shore na trilha musical, temos belas canções: as belíssimas música "May It Be" e "Aníron" compostas e interpretadas por Enya, que casa perfeitamente com o clima mágico, lírico e grandioso de ondese passa o filme. A sensação que temos ao ouvir "May It Be" tocando no final da projeção é a certeza de termos presenciado um marco do cinema. Temos ainda "Flaming Red Hair" composta e interpretada por David Donaldson, David Long, Stephen Roche, Janet Roddick with Peter Daly, Chris O'Connor, Ruairidh Morrison, and Grant Shearer, "In Dreams" composta por Fran Walsh e Howard Shore e cantada por Edward Ross.
Além dos quatro prêmios no Oscar, o filme foi indicado em outras nove categorias. Uma dlas é a impecável direção de arte que produziu inúmeras próteses de borracha, criando armas e armaduras referentes à época, a reprodução fiel feita nos mínimos detalhes das portas e paredes arredondadas da casa dos habitantes do Condado; na impressionante e ameaçadora torre Orthanc, onde está o mago Saruman; nas minas de Moria construídas por anões com toda sua imensidão rica em detalhes; nos detalhes da floresta élfica de Lothlórien; e na impressionante construção de Valfenda, um lugar belo, com queda de cachoeiras e detalhadas nos aposentos internos.
Porém o filme é muito mais do que um amontoado de efeitos. Para isso, as atuações desempenham papel fundamental. Elijah Wood afere a Frodo um ar angelical e inocente. Vemos nele e nos outros hobbits a sensação da aventura e excitação e medo quando pisam fora do Condado pela primeira vez em direção a passar por toda a Terra-Média. Frodo tem uma ingenuidade que vai se transformando ao ver a sua responsabilidade aumentando perante os acontecimentos devastadores na Terra-Média. O Sam de Sean Astin é aquele amigo fiel e corajoso quando precisa ser. Ele é o amigo capaz de pensar primeiro no outro para depois pensar em si próprio. Ele ainda tem sempre uma poesia nas suas frases reconfortantes nos momento certos. Ian McKellen cria o Gandalf perfeito, sendo reconhecido pela Academia sendo indicado ao Oscar como melhor ator coadjuvante. Gandalf é um mago velho mas que esconde uma força e sabedoria surpreendentes, representando também o um elemento incorruptível, já que ele não cede à proposta feita por Saruman. Ian Holm, mesmo com pouco tempo em cena,faz um Bilbo divertido e falastrão, e em algumas ocasiões, sério e assustador. Sean Bean como Boromir, passa a coragem e arrependimento dignos de alguém de bom coração em um dos personagens mais complexos dos livros e dos filmes. Viggo Mortensen como Aragorn, Orlando Bloom como Légolas e John Rhys-Davies como Gimli também se mostram sempre fortes e destemidos guerreiros. Christopher Lee como Saruman é a pura crueldade e ambição. DominicMonagham e Billy Boyd como Merry& Pippin estão bem como o alívio cômico da saga, e Liv Tyler está belíssima e angelical, sempre com suas falas pausadas, calmas e cheias de amor pronunciadas também em élfico. Cate Blanchett é a única que não consegue transmitir o ar misterioso da rainha mais poderosa e temida dos elfos, mas não podemos dizer que seja uma interpretação ruim ou que prejudique o resultado final do que vemos.
A Sociedade do Anelé um filme de introdução magnificamente dirigido por Peter Jackson. O diretor usa a primeira hora para apresentar os personagens e várias paisagens da Terra-Média para concretizar o sonho dos fãs da literatura e ficamos conhecendo a missão principal: destruir o anel no fogo da montanha de Mordor onde ele foi fundido, pelo seu portador, Frodo. Muitos dos principais acontecimentos viriam a ocorrer nos filmes seguintes, mas ainda assim, nesta primeira parte encontramos de tudo: ação, suspense, romance, humor, aventura e até dramas.
Jackson dirige com uma segurança incrível, e mesmo com tantos momentos diferentes como citados, ele deixa a narrativa fluída e orgânica, sabendo dar um tom épico merecido usando com maestria a câmera lenta ou situações para criação de suspense, por exemplo, ao adiar o aparecimento do Balrog e ao preceder o ataque dos orcs com sons à distância. Ele tem a mérito também de deixar o Um Anel com uma personalidade própria, capaz de amedrontar quem tente tocá-lo e de transformar aos poucos quem o porta. As cenas de batalha, da marcha da Sociedade pelas montanhas e os demais planos abertos são um show à parte. Contando com vários ângulos altos, que exploram a vastidão dos campos de batalha e seus inúmeros protagonistas, e com ótimas movimentações de câmera e noção de ritmo, Jackson é perfeito. A Sociedade do Anel ainda traz lições de esperança, amizades verdadeiras e honra. Numa das melhores adaptações de algo tão complexo, Peter Jackson criou algo fantástico que se tornariaa referência de épicos e aventuras agora também no cinema, não apenas nos livros. Uma grande obra-prima e que era apenas o início da maior trilogia do cinema de fantasia.
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