terça-feira, 15 de outubro de 2013

Relembrando: As Duas Torres


Mais uma vez meu colaborador retorno ao mundo de Tolkien desta vez dando sequencia ao filme a Sociedade do Anel,  primeiro de uma franquia de sucesso, dirigido por Peter Jackson, a sequencia da saga de Frodo para destruir o Um Anel e salvar a Terra Média das forças malignas de Sauron.

Um ano depois do lançamento de A Sociedade do Anel, todos os cinéfilos estavam mais do que ansiosos para a continuação da primeira obra-prima do século XXI. As Duas Torres chega com a enorme responsabilidade de manter o fascínio deixado pelo primeiro filme, introduzir mais vários outros personagens e tendo que ser ainda mais grandioso. E ele consegue esse objetivo perfeitamente. Batalhas impensáveis, muitos novos acontecimentos importantes acontecendo, novos personagens surgindo, e efeitos ainda melhor finalizados e dramas mais acentuados, são apenas um pouco do que As Duas Torres tem a oferecer.
Após ler o livro e ver o filme podemos nos perguntar o motivo da obra se chamar assim e averdade é que alguns até hoje divergem do por quê. O mais provável é que As Duas Torres tenha esse título, pois todos os acontecimentos deste livro e filme se dão entre a torre do olho que tudo vê em Mordor e a torre de Isengard, torre na qual Saruman planeja acabar com o mundo dos homens e comanda os seus exércitos de orcs. 

Isengard e Barad Dûr as torres negras!

Em As Duas Torres, a jornada continua em busca da destruição do Um Anel. Após a captura de Merry (DominicMonaghan) e Pippy (Billy Boyd) pelos orcs, a Sociedade do Anel é dissolvida. Enquanto que Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) seguem sua jornada rumo à Montanha da Perdição para destruir o Um Anel, Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies) partem para resgatar os hobbits sequestrados e ajudar a cidade de Rohan contra uma iminente guerra contra o exército de orcs enviados por Saruman, que resolve unir-se às forças de Sauron para que juntos possam dominar a Terra-Média, passando a destruir cidades inteiras até que ocorra a mais intensa batalha contra a raça dos homens no Abismo de Helm.

Desde o esboço dos roteiros, Peter Jackson sabia que as adaptações seriam interligadas mas teriam almas próprias. As Duas Torres não é exatamente uma sequência, mas o segundo capítulo da saga do anel. A principal diferença que notamos logo de cara se compararmos com A Sociedade, é o tom da narrativa. O primeiro continha ambientes sombrios da Terra-Média, mas era predominantemente mágico, encantador e com um clima fantástico. Isso se deve a um motivo específico: era necessário introduzir ao espectador as raças de seres que habitam o mundo criado por Tokien, sendo necessários mostrar os seus mundos que nada tem de sombrios, como o Condado e Valfenda. De sombrio apenas a rápida passagem na hospedaria Pônei Saltitante e é claro as longas sequências nas minas de Moira. Contudo, a história ainda não está tão sombria e a preocupação maior é contar a origem do anel, deixar claro a importância de sua destruição, e definir os vilões e heróis na mente do público, especialmente os não iniciados na obra original. As Duas Torres já se inicia do pressuposto de que a audiência já conheceu e sabe da força dos personagens da saga, e sem ter que "perder tempo" explicando isso, ela parte direto para a aventura, que naturalmente vai se tornando mais densa, difícil, nebulosa, sombria e épica. Por isso, o tom do filme passa a ser mais sombrio e violento por todos os 179 min de duração da aventura. O foco nesta segunda parte é muito maior nos homens do que nos elfos, nos anões ou qualquer outra raça. O real perigo do avanço de exércitos de Sauron sobre terras ainda não conquistadas e a defesa com honra e coragem dessas terras pela resistência são os focos. Essa nova abordagem não tira os atrativos ou méritos, ao contrário. Seu resultado final ratifica o status de obra-prima do filme original, ampliando e elevando a obra a um outro patamar.

O filme já começa investindo na ação, mostrando a luta que ocorre paralelamente ao filme anterior, entre Gandalf e o Balrog, quando ambos caem rumo ao centro da Terra por um precipício das minas de Moria. Tudo parece ser um pesadelo de Frodo, mas essa luta explicará mais sobre Gandalf mais a frente na história. A partir daí continuamos a acompanhar Frodo e Sam que no início estão nas montanhas de EmynMuil indo em direção à Mordor e o surgimento efetivo de um dos personagens mais marcantes e que virou um símbolo de toda a saga: Gollum. A participação muito mais explorada, assim como o conflito interno existente entre o lado bom da criatura (Sméagol) e o lado mal (Gollum) são bem melhor desenvolvidas nessa segunda parte e serão resolvidas de uma vez por todas em O Retorno do Rei. Sem dúvida é um personagem difícil e a sua construção única se deve ao ator Andy Serkis que empresta seus movimentos corporais e expressões faciais para a captura de movimentos para que posteriormente fosse criada a animação no computador mantendo as expressões realistas do ator. Serkis representa muito bem aquela pobre criatura atormentada em uma busca cega e obsessiva por seu "Precioso", de quem havia se afastado há muitos anos. Serkis alterna sua voz entre o irritante e o apavorante, e sua dualidade de caráter é um dos atrativos que deixam a criatura como uma das mais intrigantes da saga. Somando-se a interpretação do ator à computação gráfica incrível da Weta Digital, Gollum adquiria de fato vida própria. Sem dúvidas era o personagem mais perfeito gerado em computação gráfica até o lançamento do filme e funciona até os dias de hoje tranquilamente.
Helms Deep: A memorável batalha no Abismo de Helm


Enquanto isso, Aragorn, Legolas e Gimli se juntam pouco depois a outro integrante da Sociedade do Anel tido como morto, e partem para a corte do rei Théoden, em Rohan. E Merry e Pippin acabam conhecendo Barbárvore e os Ents, espécie de árvores andantes, que entram no caminho dos dois tão logo eles escapam dos orcs que os haviam capturado. Os Ents estão também muito bem representados e os efeitos empregados na construção deles também impressiona. Apenas uma cena é claramente mal finalizada, a que Merry e Pippin estão sendo levados por Barbárvore fica nítida a utilização de efeitos especiais pois o chroma-key ao fundo é mal recortado. Um erro básico para uma produção dessas. Alguns dizem que os Ents quebravam o ritmo das cenas de batalha mais na reta final do filme, mas a reunião demorada e tediosa deles é cômica, e rendem boas cenas com os dois hobbits responsáveis justamente por essa parte ao longo dos três filmes, além do mais, eles possuem uma importância enorme nas últimas cenas do longa, quando eles decidem entrar na guerra ajudando no confronto contra quem estava matando as árvores pela Terra-Média.

Diferentemente do primeiro em que todos da Sociedade estão juntos e vão se separando aos poucos, em  As Duas Torres o diretor Peter Jackson vai alternando com sabedoria entre as três histórias paralelas em lugares totalmente opostos na geografia da Terra-Média. Ainda assim, as mudanças de ritmo e de cenário são benéficas contribuindo para o avanço dos acontecimentos. Em meio às três histórias, vamos apreciando novos personagens, cenários recheados de cenas deslumbrantes visualmente. O filme se inicia diretamente no capítulo dois do livro já que o primeiro capítulo de As Duas Torres se tornou o último de A Sociedade do Anel para que o primeiro terminasse com um clímax melhor resolvido no roteiro. Aragorn, Gimli e Legolas vão atrás dos hobbitsMerry e Pippin, que haviam sido capturados pelos orcs, e ocorre o encontro com Éomer, o Terceiro Marechal de Rohan e sobrinho de Théoden, o Rei de Rohan. Éomer lhes dá cavalos e diz que um grupo de Rohirrim havia atacado e destruído aquele grupo de Orcs dois dias antes, e não haviam achado nenhum hobbit entre eles.

Chegaríam mais tarde ao local da batalha perto da grande floresta de Fangorn; Vamos acompanhando também o encontro de Merry e Pippin com Barbárvore e o Conselho realizado por ela e os outros ents para atacar Isengard; o reaparecimento de Gandalf, que havia derrotado o Balrog e havia voltado mais forte do que nunca, usando uma roupa branca; a partida de Gandalf em seu cavalo Scadufax, com Gimli, Legolas e Aragorn rumo à Edoras, a corte de Théoden, o Rei de Rohan, que estava na iminência de uma guerra; o encontro de Gandalf e seus companheiros com o rei Théoden no castelo de Meduseld; a revelação que Gríma ou Língua de Cobra era um espião de Saruman; a ida para o Abismo de Helm; a travessia dos Pântanos de Sam e Frodo guiados por Gollum, enquanto dentro de Gollum duas "personalidades" estão lutando pela dominação: o Sméagol bom, e o Gollum mau; a chegada ao O Portão Negro de Mordor; a aparição do "olifante", um dos grandes animais cinzentos que só sãoconhecidos no Condado através de velhas canções; o encontro de Sam, Frodo e Gollum com soldados de Gondor, um deles sendo Faramir, o Capitão, que é irmão de Boromir; o Lago Proibido, e a Viagem às Encruzilhadas.

A adaptação é novamente outro ponto a ser discutido. Certamente esse segundo capítulo é menos detalhado e fiel que em A Sociedade do Anel. As principais mudanças estão na reta final do livro, porém as críticas perdem um pouco de força já que algumas partes faltantes foram filmadas, mas inseridas no filme seguinte. Certamente Peter Jackson e o editor Michael Horton acharam melhor por questão de ritmo e das ligações entre os acontecimentos, inserir essas partes posteriormente nas telonas. No livro, os capítulos "O Abismo de Helm", "A Estrada para Isengard", "Escombros e Destroços", "A Voz de Saruman" e "O Palantír", que mostram a ida de Gandalf e seus companheiros para Isengard, o confronto com Saruman e o uso do Palantír por Pippin, acontecem ainda em As Duas Torres, assim como os últimos três capítulos do livro: "As Escadas de CirithUngol", "A Toca de Laracna" e "As Escolhas de Mestre Samwise", que mostram a subida difícil nas escadas de CirithUngol, a entrada de Frodo e Sam na toca da Laracna, e a"morte" de Frodo. O livro termina com Sam descobrindo que Frodo não estava morto. Nos filmes, estas partes são o início de O Retorno do Rei.

Em As Duas Torres, apesar do bom ritmo da edição ao juntar de forma interessante três histórias paralelas (Merry e Pippin com os ents; Aragorn, Legolas, Gimli e Gandalf em Rohan; Frodo, Sam e Gollum em direção à Mordor), a questão da adaptação pode incomodar a maioria dos fãs. Algumas importantes partes do livro estão faltando para serem inseridas em O Retorno do Rei. Por questão de ritmo, duração elevada e outros fatores, essas escolhas do diretor Peter Jackson e do editor Michael Horton são plenamente justificáveis. Algumas principais mudanças do livro para o filme são: No livro, Théoden, o Rei de Rohan, estava debilitado, mas não como mostra o filme. Ele ainda conseguia falar e governar, mas não mostrava nenhuma força. O responsável por isso é Língua de Cobra, que enfeitiçou o Rei com suas palavras, e não uma "possessão" da parte de Saruman. O Rei só melhora quando expulsam Gríma do Palácio; Éomer nunca chegou a ser banido de Rohan. Ele foi preso por algum tempo por ter deixado Aragorn, Legolas e Gimli passarem por Rohan; De acordo com o livro, Merry não sabia que as árvores falavam ou que ents eram pastores da floresta. Barbárvore é que explica o que são ents para os hobbits; Théoden leva seu povo para o Abismo de Helm para se proteger de Saruman, mas, no livro, não há ataque de lobos de Isengard, os wargs, à caravana, muito menos Aragorn é dado como morto. Eles chegam ao Forte da Trombeta na metade do livro; Quem chega para salvar os rohirrim em Helm é Erkenbrand, Marechal do Folde Ocidental. Éomer está desde o início ao lado do Rei; A personalidade de Faramir foi a maior mudança em As Duas Torres. Ao contrário dos filmes, no livro, Faramir no início considera levar o Um Anel para Gondor, mas rapidamente muda de idéia e ajuda os hobbits a irem para Mordor. Frodo não entra em Osgiliath, apesar de passar perto, e em nenhum momento confronta um nazgûl.
Gandalf o branco, Legolas e Aragorn em sua jornada para salvar a Terra Média

Nas interpretações novamente todos se superam e estão ainda mais seguros nos personagens. Elijah Wood como Frodo, Sean Astin como Sam, Ian McKellen cria o Gandalf (apesar de ter uma participação mais discreta), Viggo Mortensen como Aragorn, Orlando Bloom como Légolas e John Rhys-Davies como Gimli estão ainda mais entrosados. DominicMonagham e Billy Boyd como Merry& Pippin não participam de momentos de ação na maior parte do tempo, mas participam de uma das principais cenas no final. Cate Blanchett aparece pouco, e Liv Tyler também tem participação reduzida, aparecendo essencialmente em cenas de flashback. Interessantes são as adições do elenco, como os ótimos Brad Dourif como Gríma, Bernard Hill como o rei Théoden, Karl Urban como Éomer, David Wenham como Faramir e Miranda Otto como Éowyn, a única mulher guerreira e corajosa de Tolkien.

Ao contrário do filme anterior que venceu 4Oscars, este venceu apenas 2, nas categorias de efeitos visuais e de edição de som, sendo indicado ainda em som, direção de arte, edição e como melhor filme. Os efeitos visuais estão presentes em maior quantidade que no filme original, e são sempre bem utilizados, sem exageros, e trabalhando em favor da narrativa. Como já citado, a criação de Sméagol é impressionante e sua integração com os elementos do cenário são de um realismo absurdo. Os efeitos usados na criação e movimentação dos Ents, os usados em todas as batalhas, a liberação da barreira de água que invadem as imediações da torre de Isengard, o visual dos wargs são apenas alguns exemplos da complexidade do trabalho para este episódio da saga de Jackson. A edição de som também complementa e junta todos os sons de batalhas, movimentações de árvores no solo, de água das inundações, do cavalgar dos cavalos, enfim, grande trabalho de composição sonora.

A direção de arte continua um espetáculo. Os detalhes do castelo dourado do rei Théoden em Rohan, das casas da mesma cidade, os vãos e caminhos tortuosos em meio às montanhas atravessadas por Sam e Frodo, os detalhes da fortaleza do Abismo de Helm, a beleza da floresta de Fangorn e, especialmente, a beleza amedrontadora dos Pântanos e o Portão Negro de Mordor. A fotografia novamente mantém o mesmo nível e mostra novas paisagens naturais da Nova Zelândia nos mais diversos ambientes inóspitos e belos. A tomada geral dos Pântanos, as tomadas aéreas noturnas da batalha no Abismo de Helm, a iluminação entre árvores da floresta de Fangorn são apenas alguns exemplos do trabalho irrepreensível de Andrew Lesnie.

Howard Shore é outro que se destaca ao alterar o tom da trilha conforme o enredo pedia e manter outros segmentos. Sua trilha sonora, assim como a vencedora do Oscar por A Sociedade do Anel, é forte e angelical complementando as imagens com precisão. É uma das melhores trilhas do compositor sem qualquer sombra de dúvidas. Algumas das principais músicas são "Gollum's Song", música-tema dos créditos finais do longa, que não tem a mesma força de "May It Be" com a Enya, mas não deixa de ser uma música primorosa na voz de EmilianaTorrini com música de Howard Shore e letra de Fran Walsh, "Evenstar" interpretados por Isabel Bayrakdarian, soprano, "Breathof Life" interpretada por Sheila Chandra, "IsengardUnleashed" por Elizabeth Fraser e Ben Del Maestro, e "FarewelltoLorien" com Hilary Summers.

Peter Jackson realiza mais um trabalho exuberante. As cenas de batalha são épicas e um prazer para os olhos. O diretor usa planos abertos para mostrar a dimensão do conflito épico no Abismo de Helm, mas dá closes e mostra movimentos criativos de câmera para incrementar ainda mais as cenas. A dinâmica construída desde a preparação para a batalha funciona muito bem. É notória a tensão, a desesperança no olhar dos cidadãos não guerreiros, principalmente das mulheres e das crianças. Uma luta desesperada e aparentemente sem chances pela vida contra milhares de inimigos, que vai se modificando até a chegada de Gandalf e seu reforço de tropas. A cena de Gandalf liderando os guerreiros desfiladeiro abaixo em direção aos inimigo realizado com câmera lenta é um dos momentos mais deslumbrantes do cinema dos últimos tempos. O talento do diretor pode ser visto também na parte final em que os Ents ajudam a combater os orcs de Srauman em Isengard, assim também como na cena dos Pântanos e as que desenvolvem a relação de Sam, Frodo e Sméagol.

As Duas Torres felizmente supera a lenda de que a sequência nunca supera o original, ficando aqui no mesmo nível. O filme agradou a crítica e público, faturando mais de US$920 milhões mundialmente, sendo US$341 milhões somente nos Estados Unidos. Alguns reclamaram que A Sociedade do Anel não tinha fim, mas Jackson acertou ao deixar a morte de Boromir para o final aumentando o lado emocional. Seria muito estranho, um ano depois, a cena de abertura ser a morte que ficou suspensa desde o filme anterior. Ao mesmo tempo, Jackson dá um fim provisório nesta segunda parte, sabendo deixar tudo em aberto para a grande conclusão da saga no capítulo seguinte. As Duas Torres é um dos grandes filmes com conteúdo e técnica funcionando em conjunto perfeitamente, e que não serve apenas para preparar para o capítulo final da série. É um filme que tem muito a contar e é uma parte fundamental da trama que se concluirá em O Retorno do Rei. 
 
 Smeagol ou como muito o conhecem Gollum é um dos personagens mais marcantes do filme!!
"É como nas grandes histórias, Sr. Frodo. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E, às vezes, você não queria saber o fim porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era depois de tanto mal? Mas, no fim, é só uma coisa passageira essa sombra. Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá. E, quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam na lembrança... que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender por quê. Mas acho, Sr. Frodo, que eu entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias tinham várias oportunidades de voltar atrás, mas não voltavam. Elas seguiam em frente... porque tinham no que se agarrar. No bem que existe neste mundo, Sr. Frodo... pelo qual vale a pena lutar. "

Nota: 10

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